Declaração da RAWA sobre o trágico 28 de abril *


28 de abril,
dia de luto para o povo – dia de festa para os fundamentalistas!



Catorze anos se passaram desde o dia terrível de 28 de abril de 1992, mas nosso país está preso cada vez mais firmemente nas garras dos responsáveis pelo sofrimento, pelo luto e pela destruição em nossa terra. Traidores, vendilhões do Afeganistão e espíritos sem luz controlam o destino de nosso país, e nosso país está mergulhado em calamidades de toda ordem. O sr. Karzai e seus aliados estrangeiros, que investiram nos fundamentalistas por muitos anos, hoje dão postos-chave no executivo, no legislativo e no judiciário aos elementos mais infames e sedentos de sangue da Aliança do Norte e de outras quadrilhas de bandidos. Com o passar do tempo, a influência desses traidores só fez aumentar. Os criminosos que causaram a tragédia do 28 de abril, em vez de serem julgados, exercem tanta autoridade no país que – através do parlamento - não tiveram o menor pudor de transformar esse dia lúgubre em feriado nacional, humilhando o nosso povo, cuja maioria, de acordo com uma pesquisa feita por organizações internacionais que defendem os direitos humanos, quer o julgamento e a punição desses traidores de nosso país.

Com o sr. Karzai no governo, nosso povo teve esperanças de ver mudanças positivas em sua vida, mesmo que fosse mínimas; mas, hoje, as políticas das autoridades e de seus senhores estrangeiros, contrárias interesses do Afeganistão, transformaram essas esperanças em decepção e repulsa. O sr. Karzai e seus assessores afegãos deram mostras irrefutáveis de estarem dispostos a apertar as mãos dos indivíduos e partidos mais repugnantes do país em sinal de amizade, agora que eles estão usando a máscara da democracia para disfarçar o rosto repulsivo. Chegaram ao ponto de dividir sua autoridade com o Talibã e o grupo terrorista e misógino de Gulbuddin Hekmatyar. Portanto, na prática, não deixaram nenhum indivíduo ou grupo traidor e cruel fora do mecanismo do governo. O sr. Karzai chama esse tipo de quadrilha de traidores de “Unidade Nacional”; mas, para o nosso povo, o termo não tem outro significado além de conspurcar a “Unidade”.

Depois das eleições irônicas e fraudulentas nas quais cerca de 80% das cadeiras do parlamento foram dadas aos piores inimigos do nosso povo, agora querem impor um gabinete constituído por elementos criminosos, reacionários e colaboradores que não se importam a mínima com o sofrimento do povo. Como era de se esperar, o sr. Karzai confia em criminosos e traidores e, em troca, os déspotas militares e os donos do tráfico de drogas votaram nele e em seus asseclas. O que não é motivo de orgulho, e sim de vergonha para Karzai e seus partidários

As circunstâncias dos últimos quatro anos de nosso malfadado país ensinaram uma lição a nosso povo: de que para se liberar de abutres como Sayyaf, Qanoni, Muhaqiq, Rabbani, Ismail, Dustom, Khalili, Mujadidi, e de seus lacaios Khaliqi e Parchami, assim como da interferência de países estrangeiros, não há outra opção além de se reunir em torno de grupos democráticos e amantes da liberdade que, com sua força colossal, alijam os sectários religiosos do poder. Nenhum demônio tem força para enfrentar as massas durante muito tempo.

A RAWA (Associação Revolucionária das Mulheres do Afeganistão) afirmou muitas e muitas vezes que a liberdade e a prosperidade de nosso povo só ser conquistada por ele mesmo e que nenhuma força xenófila e nenhuma potência estrangeira pode trazer paz e segurança a nosso país. É preciso dedicar-se de corpo e alma a esses ideais, sem colaboracionismo e sem conservadorismo. Esse é o único objetivo essencial de qualquer pessoa ou grupo honesto e entusiasta que se considera patriótico e verdadeiro defensor da liberdade.

Participe da revolta anti-fundamentalista de nosso povo – ela é possível!
Fora com os colaboracionistas e xenófilos!
Viva a liberdade, a democracia e a justiça social!

Associação Revolucionária das Mulheres do Afeganistão (RAWA)

28 de abril de 2006

* 28 de abril de 1992: o Dia Negro em que os fundamentalistas jihadis tomaram Cabul depois da queda do regime-fantoche russo, dando início a um reinado de terror e destruição no Afeganistão.



فارسی | English | Italiano | 日本語 | Deutsch | Danish



[Páginas Portuguesas]
[Home Page] [RAWA in the Media] [Books on RAWA] [More RAWA Documents]